Amamentar é um ato de amor desde os primórdios da civilização e atualmente vem sendo alvo de grandes discussões e debates na sociedade, buscando-se apoiar, promover e proteger o aleitamento materno, na certeza de seu inquestionável e insubstituível benefício aos bebês, mães, familiares e sociedade.
É consenso que o Aleitamento Materno beneficia a saúde do bebê, seu crescimento e desenvolvimento, diminuindo a ocorrência e gravidade de diversas doenças, entre elas as infecções respiratórias, as otites, meningites, diarréias, alergias, sem falar no precioso valor protetor nas doenças como hipertensão arterial, obesidade, diabetes mellitus, alergias ....e no fortalecimento do vínculo mãe-filho.
Recomenda-se o aleitamento materno exclusivo por no mínimo 6 meses, até 2 anos ou mais, sendo que nos primeiros 6 meses os bebês não necessitam de qualquer outro alimento (chás, sucos, leites artificiais ou água). Segundo a UNICEF, a morte de 1,3 milhão de crianças menores de 5 anos poderia ser evitada com a amamentação, e a amamentação na primeira hora de vida pode reduzir consideravelmente a mortalidade neonatal.
Frente a esses dados não faltam motivos para que a sociedade lute por essa causa sem precedentes, buscando espaço garantido para que as mulheres possam amamentar seus bebês. É de grande valia a conquista da ampliação da Licença Maternidade para 6 meses, para que essa nutriz possa exercer com sucesso a alimentação do seu bebê. A mulher que amamenta precisa de apoio, começando pelo governo, para que não tenhamos a contradição de incentivo ao aleitamento materno exclusivo por 6 meses e licença de 4 meses, inviabilizando a continuidade e o sucesso tão almejado.Temos que contar também com o apoio dos empresários, políticos, serviços e profissionais da saúde, e de forma presente, imediata e contínua, com o apoio ddo companheiro, familiares e amigos.
Idealmente o bebê na sua primeira hora de vida já deve ser amamentado, com apoio profissional direto, para que possamos evitar os indesejáveis desfechos, que resultam em rachaduras de bico, dores e insucesso. O processo do desmame pode começar já nessa primeira hora, com mamas que não foram preparadas adequadamente para o nascimento, nutrizes despreparadas por falta de orientação prévia, falta de apoio dos profissionais de saúde nesse precioso momento da vida da mulher.
Algumas orientações são importantes para a amamentação tranqüila e prazerosa para o bebê e a mãe:
§ Manter postura adequada, sentando-se corretamente com apoio para os braços. Dentre algumas posições corretas para amamentar, a mais tradicional é posicionar o bebê na altura do mamilo, de frente para a mãe, barriga com barriga. Ambiente calmo e tranqüilo.
§ Posicionar o bebê para que faça uma boa pega, ou seja, abrindo bem a boca, suficientemente para abocanhar não só o mamilo, mas sim boa parte da aréola também. Não permitir que o bebê pegue só o bico!
§ O tempo da mamada deve ser livre demanda, ou seja, quanto o bebê desejar, no entanto, deixar que o bebê esgote uma mama para depois receber a outra. O leite no início é aguado (mata a sede), rico em açúcar (fermenta e provoca cólicas) e rico em anticorpos (defesa do bebê), já no final da mamada, ele se modifica e é mais espesso e rico em gorduras, saciando-o por mais tempo e promovendo ganho de peso. Evite breves mamadas!
§ Arrotar é conveniente, no meio ou no fim da mamada. Não lave os seios após as mamadas. Deixe-os sempre que possível ao ar livre, tomando um pouco de sol no início da manhã e final de tarde. Não use creme ou pomadas na região dos seios.
§ Esgote um pouco do leite caso a mama esteja muito engurgitada no início da mamada, pois assim o bebê não conseguirá abocanhar corretamente a mama. Ela deve estar flácida para a boa pega. Caso necessário realize massagens circulares com o dedo indicador e médio desfazendo o leite “empedrado” partindo da aréola para cima.
§ Após a alta da maternidade, a nutriz deve receber apoio contínuo, especialmente nas emergências, para que possamos minimizar a proximidade que existe entre o aleitamento e o desmame. As dificuldades administradas sem conhecimento e sem total apoio, pode significar a perda do aleitamento materno.
§ Recomenda-se que as mamas da futura nutriz seja acompanhada e preparada adequadamente durante os 9 meses de gestação e que a mãe tenha a oportunidade de receber todas as informações e orientações acerca do nascimento e amamentação antes do parto, juntamente com seu companheiro e se possível com familiares mais próximos. Dessa forma, essa família chega preparada, com grande tranqüilidade para o grande momento, o nascimento, tão aguardado por todos, e com grandes chances de sucesso no parto e no aleitamento materno, fazendo da amamentação um milagre e um gesto de amor que fica definitivamente marcado em ambas as vidas.
Dra Mariana Franceschini Falavina Grigoletto.
A autora é Pediatra em Valinhos na Doctor Kids Clínica Materno Infantil.
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